segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Obama (conseqüência de uma história de brasilidade?)

Se não fosse o Brasil, Barack Obama ñ teria nascido... será?

Na noite do dia 25 de setembro de 1956, estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro a peça Orfeu da Conceição, do poeta brasileiro Vinícius de Morais (1913-1980). Esta peça é uma adaptação do mito grego do lendário cantor Orfeu, cuja lira, dotada de sons
melodiosos, amansava as feras que vinham deitar-se-lhe aos pés. Filho da musa Calíope, ele resgatou a sua esposa Eurídice do Inferno, após ela ter sido picada por serpente. A história de Vinícius decorre numa favela carioca, durante os três dias de carnaval. Em 1959, o diretor francês MarceI Camus transpôs a peça para o cinema. Daí surgiu o filme Orfeu Negro, com músicas de Luiz Bonfá e Tom Jobim, a negra atriz americana Marpessa Dawn, os negros brasileiros Breno Mello, Lourdes de Oliveira e Adhemar da Silva. Cheio de belas imagens, como a do romper do sol na favela, a do aparecimento da Morte numa central elétrica, e ainda com o som dos sambas empolgantes, a película baseada na obra do letrista de "Garota de Ipanema", além de alcançar grande sucesso comercial, ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em Hollywood.

Pois bem, nesse ano de 1959, uma jovem americana de dezesseis anos, extremamente branca, sem um pingo de sangue negro, chamada Stanley Ann Dunham, nascida no Kansas, resolveu assistir em Chicago ao primeiro filme estrangeiro de sua existência. Foi ver o Orfeu Negro, só com atores negros, paisagens brasileiras, música brasileira,
> história brasileira. Ela saiu do cinema em estado de êxtase, maravilhada. Adorou aqueles negros encantadores de um país tropical e logo admitiu: - "Nunca vi coisa mais linda, em toda a minha vida."

Depois de tal arrebatamento, a jovem Stanley embarcou para o Havaí. E ali, aos dezoito anos, ela se tornou colega, numa aula de russo, de um jovem negro de vinte e três anos, Barack Hussein Obama, nascido no Quênia. A moça branca do Kansas, influenciada pelo filme Orfeu Negro, entregou-se a ele e dessa união inter-racial, nasceu em 4 de agosto de 1961 um menino, a quem ela deu o mesmo nome do pai e que é agora, aos quarenta e sete anos, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Eis um detalhe perturbador: comparando duas fotografias, descobri enorme semelhança física entre o brasileiro Breno Mello, o Orfeu do filme Orfeu Negro, e o queniano Barack Hussein Obama, pai do filho da americana Stanley Ann Dunham. No começo da década de 1980, ao visitar o seu filho em Nova York, a senhora Stanley o convidou para ver o filme Orfeu Negro. Segundo o depoimento do próprio Barack, no meio do filme ele se sentiu entediado, quis ir embora. Disposto a fazer isto, desistiu do seu propósito, no momento em que olhou o rosto da mãe, iluminado pela tela. A fisionomia da senhora Stanley mostrava deslumbramento. Então o filho pôde entender, como se deduz da sua autobiografia, porque ela, tão branca, tão anglo-saxônica, uniu-se ao seu pai, tão negro, tão africano...


Não há dúvida, a sexualidade às vezes percorre caminhos misteriosos, que alteram de modo decisivo os rumos da história universal. Se não fosse o fascínio da branca mãe de Barack Obama pelo filme Orfeu Negro, ela não se entregaria ao rapaz queniano, um preto retinto. A rigor, sem o Brasil, sem a história do poeta brasileiro Vinícius de Morais, o filme Orfeu Negro não existiria. Portanto, se não fosse o Brasil, jamais Barack Obama teria nascido. Apresenta uma lógica perfeita, a nossa conclusão. O Brasil
ajudou a mudar a história...

Escritor e jornalista, Fernando Jorge é autor do livro "Vida, obra e época de Paulo Setúbal, um homem de alma ardente", cuja 2ª edição foi lançada pela Geração Editorial.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Discurso da Turma de 2008

Caros colegas educadores aqui presentes

Prezados pais e demais familiares

Peço a vocês permissão para me dirigir especialmente aos meus queridos alunos

Vamos combinar uma coisa: professor fala demais, não é mesmo? Principalmente alguns que falam das sete ao meio dia, continuam falando no corredor, com quem quer que lhes dirija a palavra,sentam no banquinho perto da reprografia e continuam falando, na hora do almoço com os colegas contam mil casos e ainda voltam para falar mais um turno, até às quatro da tarde. E isso é o que a gente vê. Alguma semelhança com alguém que vocês conheçam? Mera coincidência...

Apesar dessa nossa vocação para o uso da voz, nesse fim de ano, ao pensar na mensagem que iria trazer para vocês, me vieram à lembrança as coisas que eu não falei. Nas vezes em que alguém perguntava qualquer coisa no corredor, e que eu não tinha tempo para responder porque outra turma me esperava no andar de baixo. Lembrei dos momentos em que a pergunta exigia uma resposta tão complexa, que eu preferia mudar de assunto.Reli os bilhetes que muitos me enviaram do dia do professor e pensei o quanto gostaria de comentar o que estava escrito ali, mas... o tempo passava, o programa é muito grande, e... a resposta não foi dada.

Agora não. Essa minha fala é uma resposta a algumas perguntas que, de forma diferente, talvez com outras palavras, sempre apareceram durante este ano que está findando.Muitas das perguntas foram fruto, para minha alegria, da compreensão de que a História não era apenas uma matéria a ser aprendida, mas alguma coisa que tem , e muito, a ver com a vida da gente. As respostas, espero, ficarão para todos vocês como reflexão e como lembrança desta professora, que apesar de falar tanto, gostaria de deixar mais algumas palavras gravadas nos seus corações.

A primeira pergunta que apareceu, assim que vocês começaram a me conhecer melhor foi: Professora, você é de esquerda?

Respondia que sim, mas sempre achei que era pouco. Alguns me contestavam: mas o comunismo não acabou?

Respondo agora : sim, o comunismo acabou, e acabou mal: na URSS a estrutura do Estado reproduzia a autocracia do Czar e do império russo, tal como acontece ainda na Coréia do Norte. Na China, o Partido Comunista constituiu uma oligarquia que impede a participação democrática. Em Cuba, bloqueada há mais de quatro décadas pela Casa Branca, o monopartidarismo também inibe a oxigenação da esfera política através do debate público e da organização da sociedade civil em movimentos sociais autônomos. Em muitos outros países a esquerda desmoralizou-se e esvaziou a força de suas propostas ao abraçar práticas e métodos políticos típicos de seus adversários e inimigos, trocando a ética e os princípios ideológicos pela busca pragmática de resultados.

E mesmo assim alguém pode se dizer de esquerda?

O que é ser de esquerda hoje? Para mim, é principalmente, não perder a capacidade de indignação com a injustiça Para o pensador Norberto Bobbio, a direita considera a desigualdade social tão natural quanto a diferença entre o dia e a noite. A esquerda considera-a como uma aberração a ser erradicada. O capitalismo, vigente há duzentos anos, fracassou para a maioria da população mundial. Hoje, somos mais de seis bilhões de habitantes no planeta. Segundo o Banco mundial, dois bilhões e oitocentos mil desses habitantes sobrevivem com menos de dois dólares por dia. E um bilhão e duzentos milhões, com menos de um dólar por dia.

Isso significa o fracasso do capitalismo para 2/3 da humanidade. Dele tiram proveito apenas aqueles, como nós todos aqui presentes, que tivemos a sorte de nascer numa família e numa classe social livres da ameaça letal da miséria. Injusto é permitirmos que a vida de tantos seja determinada por tão seletiva loteria e que não vejamos essa premiação com a qual fomos agraciados, como dívida social, que, de alguma forma, devemos pagar.

Ainda ouso esperar uma outra lógica na política, na qual a economia esteja sujeita aos direitos sociais; o progresso, ao desenvolvimento sustentável; as relações exteriores , ao pleno respeito à auto-determinação dos povos; e o Estado, à soberania e ao controle populares.

Também ouvi nesse ano de eleições a célebre pergunta: Professora, você acha que eu devo ir votar? Sempre respondi que sim. Por que? Porque a política é demasiado importante para ficar nas mãos de políticos profissionais e se apequenar em conchavos partidários e vaidades eleitoreiras. É a política que decide os rumos de um povo, em direção ao atraso e à barbárie ou à civilização do amor. Cabe a essa geração definir o perfil do “outro mundo possível” e escolher os meios de construí-lo. A meu ver, apenas a democracia, capaz de assegurar a todos a participação nos projetos políticos e nos bens tecnológicos, científicos e culturais, permitirá que o nosso pequeno e atribulado planeta sobreviva à destruição bélica e ambiental, favorecida pela concentração da riqueza em mãos de uma minoria em detrimento da maioria.

Nos últimos dias, veio também uma pergunta meio angustiada: Agora, que vamos entrar mesmo no mundo dos adultos, vem essa crise. O que vamos fazer diante dela? A primeira coisa que devemos nos lembrar é que não vivemos apenas numa época de mudanças; vivemos uma mudança de época. A última vez que isso aconteceu no Ocidente foi na passagem do período medieval para o período moderno, nos séculos XV e XVI. Agora, passamos do período moderno para o período denominado de pós-moderno. As coisas acontecem e se repetem e para sairmos melhores de uma crise, qualquer uma, de qualquer tipo, é preciso que vejamos nela a chance de uma nova vida. Mas há uma condição: enfatizar as forças positivas contidas na crise e ter a coragem de reformular ou inventar respostas que integrem as várias dimensões da vida. Espero que este abalo na especulação financeira traga novos paradigmas à humanidade: menos consumismo e mais modéstia no padrão de vida: menos competição e mais solidariedade entre pessoas e empreendimentos; menos obsessão por dinheiro e mais por qualidade de vida. Trabalhem e se engajem profundamente na realização de um sonho que corresponda aos desafios da crise, abertos à crítica e à auto-crítica, dispostos a aprender sempre, principalmente agora, que estarão delineando a sua vida profissional.

E finalmente, a última pergunta que me foi feita por um grupinho de meninas que estudava literatura quando entrei na sala: Professora, para você, qual a mais bela palavra da língua portuguesa? E eu fiquei de pensar e agora respondo: COMPAIXÃO. Por que? Porque é única das grandes palavras pela qual não se fere, não se tortura, não se aprisiona e não se mata ninguém...Antes, pelo contrário, ela evita tudo isso. Há outras palavras muito belas: amor, liberdade, honra, justiça... Mas todas, absolutamente todas podem ser manipuladas, podem ser lançadas como armas e causar vítimas. Por amor ao seu Deus os cruzados acenderam piras e os homens-bombas se lançam sobre inocentes. Em nome desse mesmo amor, os amantes ciumentos matam suas amadas. Os nobres maltrataram seus servos e abusaram barbaramente deles em nome de sua suposta honra. O mesmo fizeram soldados em milhares de guerras: a defesa da “Honra” nacional. A liberdade de uns pode implicar prisão e morte para outros; quanto à justiça, todos crêem tê-la do seu lado, inclusive os tiranos mais atrozes. Somente a compaixão impede esses excessos; é uma idéia que não se pode impor a sangue e fogo sobre os outros, porque nos obriga a fazer exatamente o contrário, a nos aproximarmos dos demais, a senti-los, a entendê-los. A compaixão é o núcleo do melhor que nós, seres humanos, somos capazes de ser e espero que vocês , meus queridos, a guardem com cuidado, no fundo do coração. A crença que , de alguma forma, por um mínimo que seja, eu tenha podido contribuir para isso, justifica toda minha carreira de professora de História. Muito obrigada pela homenagem!

domingo, 9 de novembro de 2008

Comentando a prova aberta

Questão 1
Essa questão trata de dois momentos da história da Alemanha: o pós Primeira Guerra Mundial e o pós Segunda Guerra. Por que a Alemanha saiu dividida das duas guerras? Simplesmente porque perdeu as duas. No caso da Primeira, foi dividida geograficamente pelo Corredor Polonês, pelo qual a Polônia passava ter acesso ao mar Báltico, segundo decisão do Tratado de Versalhes. No caso da Segunda Guerra, a divisão ocorreu pela disputa ideológica entre a URSS e os países capitalistas que venceram a Guerra, ocasionando o surgimento de dois Estados distintos, a RDA e a RFA. O erro mais comum nessa questão foi afirmar que a Alemanha foi dominada pelos países vencedores. Ela foi apenas temporariamente ocupada por eles, até que os dois Estados acima citados se organizassem.

Questão 2

Essa questão foi a de maior índice de acertos: tratava-se de definir “Guerra Fria” (pena que valia menos, apenas um ponto...). Os que erraram não limitaram corretamente o período (1946 a 1989). Também houve quem dissesse que na Guerra Fria não houve combates. Claro que houve (lembrem-se da Coréia, do Vietnã...) só que não diretamente entre URSS e EUA.

Questão 3
Essa foi a questão com maior porcentagem de erros ( ou então de omissão). Perguntava-se sobre o macarthismo no contexto da Guerra Fria.Primeiro, alguns confundiram macarthismo com Doutrina Truman, propósito do presidente norte-americano de não permitir a expansão do comunismo, além de onde ele já havia chegado (leste europeu) e de fazer quaisquer esforços, quer militares ou econômicos, para evitar essa expansão.

Também houve quem confundisse macarthismo com Plano Marshall, plano de ajuda norte-americana para recuperar a Europa destruída pela Segunda Guerra Mundial. Depois houve os que confundiram MacCarthy com McArthur (conforme eu previ) e aí virou uma bagunça, porque ainda entrou a Guerra da Coréia no meio.Na verdade, o macarthismo foi um sentimento coletivo de “caça aos comunistas”, onde quer que eles estivessem, principalmente nos meios intelectuais e artísticos dos EUA. Esse sentimento foi ligado à atividade do SENADOR Joseph MacCarthy que presidiu o Comitê de Investigação para Atividades Anti-Americanas no senado americano (simplesmente uma CPI), portanto sem poder de julgar ou condenar ninguém. Se não houvesse existido essa CPI, o sentimento de pavor em relação ao comunismo teria existido do mesmo jeito (talvez lhe dessem um outro nome), principalmente depois da explosão da primeira bomba soviética, em 1949...

sábado, 1 de novembro de 2008

MERCADO MINEIRO DE SANTA TEREZA

O projeto do Mercado Mineiro de Santa Tereza é o resultado de vários anos de luta da população do bairro pela revitalização desse espaço. A idéia central é recuperar esse equipamento, tão importante para Santa Tereza, ao mesmo tempo em que se cria um espaço de uso público para Belo Horizonte.

O projeto pretende reaproximar a comunidade local ao espaço, mantendo seu caráter de mercado e agregando vários outros usos. Assim, o Mercado Mineiro combina a idéia tradicional do mercado com usos de entretenimento e cultura. Terá feirantes com bancas de gêneros alimentícios, padaria, açougue, serviços locais como correio, ao lado de uma incubadora de artes e espetáculos, bares, restaurante e loja de produtos mineiros.

O Mercado Mineiro terá como âncora um Restaurante e Escola de Gastronomia, que será referência na gastronomia mineira, resgatando antigas tradições culturais e privilegiando os pequenos produtores. Como complemento, propomos o Centro de referência e comércio de artesanato, exposição permanente do artesanato tradicional e contemporâneo, representativo do Estado, que também realizará capacitação, com cursos para artesãos e o público em geral.

Ao lado disso, teremos a Incubadora de Artes do Espetáculo, que cederá espaços equipados, a baixo custo, para ensaios de grupos de teatro, de dança, de música e de audiovisual, e para técnicos, executivos e gerentes com atividades nas áreas cênicas, musicais e audiovisuais. Complementa a Incubadora uma tenda removível para shows e espetáculos em geral.


Para mais informações acessem o site www.votosantatereza.com.br ou façam suas perguntas e sugestões em nossa comunidade

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=74224581 .

E NÃO SE ESQUEÇAM:

Entre os dias 3 de novembro e 5 de dezembro de 2008, você - belo-horizontino - está convidado a participar da votação que escolherá o projeto de Revitalização do Mercado Distrital de Santa Tereza. Para votar, é preciso informar o número do título e sua zona eleitoral. A página da votação do Mercado de Santa Tereza pode ser acessada diretamente pelo endereço

www.pbh.gov.br/mercadosantatereza , à partir do início da votação.

CONTAMOS COM O SEU APOIO!

UM GRANDE ABRAÇO!!!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Política da Terra Arrasada

por Dimas Antônio de Souza


Quantos falam sobre a provável derrota eleitoral de Márcio Lacerda ou de Aécio/ Pimentel, como dizem? "Em quem vai votar no segundo turno?" - Ainda não sei, devo anular meu voto, respondem. E começam a falar mal de Márcio, Aécio e de Pimentel. De Márcio Lacerda então, chovem difamações.

Por outro lado, os candidatos Jô Morais e Sérgio Miranda demonstram ainda dúvidas a declararem seu apoio. Pergunto-me, será que algum deles, perante o seu eleitor, omitirá sua posição? Anulará seu voto? O voto nulo dos anarquistas é lícito, eles não disputam as eleições.
Mas, para quem disputou com outros projetos de poder no jogo democrático, o voto nulo apresenta-se como messianismo. Eu sou o caminho. Ou, como ditatorialismo: ou sou eu, ou mais ninguém.

Todo demagogo toca fundo com as suas palavras o coração das pessoas. Pressenti o problema quando, ao assistir o programa eleitoral gratuito, ouvi Leonardo Quintão dizer mais ou menos assim. Ô gente, tem obra por toda a cidade. Eu aplaudo, mas, cá pra nós, cê tá feliz?

Ora, prometer a felicidade é demais. Esta, nem ele nem ninguém pode nos dar. E o mal-estar na civilização? Será que vai acabar, se o mesmo vencer? O Leonardo Quintão, ou Leonardo, ou apenas, Léo, como queiram, irá satisfazer todos os nossos desejos? Perguntem para ele e possivelmente ouvirão: É simples, e dá pra fazer!

O toque demagógico principal foi neste momento, onde se prometeu a felicidade. O seguinte, contou com algo mais palpável. A aprovação, por parte da população ao projeto político que chegou ao poder na cidade, desde que Patrus Ananias elegeu-se prefeito. A verdade é que a partir daquele momento, com todas as falhas comuns a nós humanos, a cidade passou a ser pensada por uma coligação partidária que tinha como propósito a ampliação da cidadania em seus vários sentidos. Assim, do ponto de vista do eleitor, a grande maioria parece estar satisfeita com o governo Pimentel, até mesmo o candidato da oposição votaria no atual prefeito. Ou seja, ele não é oposição, vai dar continuidade a tudo, então, por que mudar?

Observe que Quintão não promete mudar nada e que sua campanha chegou ao ápice quando as pessoas passaram a acreditar que ele iria continuar com todas as obras. Ora, então o povo não quer mudar, o povo quer continuar. E por que votaram contra quem de fato vai continuar?

Digo de fato porque, na coligação partidária de Márcio estão os principais partidos que elaboraram o projeto que vem administrando a nossa cidade. Em outras palavras, grande parte das pessoas envolvidas em sua consecução, permanecerá. Uma possível vitória de Quintão colocaria muita coisa boa a perder, pois, ao trocarem as pessoas e as ideologias, perdem-se o sentido original, os motivos primordiais e os paradigmas que orientaram os projetos. Sabemos bem a diferença entre "cuidar de gente" e de "usar de gente" e como os recursos públicos podem, em nome da ideologia de "cuidar de gente", transformarem-se em meios de usar da gente.

Está tudo às mil maravilhas em Belo Horizonte ? Não. Nos últimos anos a truculência, em nome de razões de Estado ou em função de motivos pessoais, foi substituindo gradativamente o diálogo, a inspiração democrática da idéia original, muito bem apontado pela candidata Jô Morais. Tal truculência pode ser observada quando se verifica a forma pela qual a Prefeitura agiu com a Escola de Samba Cidade Jardim, quando, em nome de alegados interesses públicos, desalojou, à força, a escola que estava no local há mais de trinta anos. E, por objetivos pessoais, quando impôs a todo o partido uma aliança com o governador.

O erro do prefeito e de muitos dos seus secretários que, por vezes se enganam e acham que estão mandando na cidade, ficou visível. Quanto ao candidato Márcio Lacerda, parece que 'estão' pintando um retrato distorcido a seu respeito. Poucos o conhecem, mas muito se sabe desse espírito difamatório e denuncista que sempre ronda na política. Pergunta-se ao ministro Patrus: -por acaso Lacerda, ou o próprio Aécio, são piores que Newton Cardoso? Este último foi apoiado pelo PT como candidato ao senado nas últimas eleições.

A decisão das eleições em Belo Horizonte está nas mãos dos militantes do PT e do PC do B. Aos militantes do PT, é bom lembrar que em política, como na vida, às vezes é melhor perder os anéis que perder os dedos. Se o Márcio não é o candidato que os petistas queriam, com ele o projeto inaugurado pelo próprio PT, mesmo que um pouco mais desvirtuado, ainda tem chances de continuar. A própria presença do partido na coligação é a garantia.

Ao Sérgio Miranda, à Jô e aos militantes do PC do B, que também têm responsabilidades pelo projeto que governa a cidade, sugiro que se lembrem de que o governo é um cabo de guerra e que a tarefa coerente deverá ser puxá-lo à esquerda. Seria então o momento de, com críticas e força eleitoral, voltarem à coligação. Aos meus iguais, simples cidadãos, que reflitam se estão mesmo dispostos a trocar o que temos, pelo futuro incerto nas mãos de um aprendiz de populista, que além de prometer o irrealizável, se dá ao luxo de falar errado apenas para querer se parecer com o povo.

Ou debochar de nós.

Dimas Antônio de Souza é mestre em Ciência Política pela UFMG,
professor de Ciência Política da PUC-MG e autor do livro "O mito
Político no Teatro Anarquista Brasileiro".

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

ADOREI !


“O que é eu dou para o meu pai, de presente, no dia do aniversário dele?” Se ele gosta de fotografia e é interessado na Segunda Guerra Mundial, não tem presente melhor que o livro do fotógrafo americano Robert Capa. Esse fotógrafo MARAVILHOSO especializou-se em retratar os grandes conflitos do século XX, sendo especialmente cuidadoso em captar as emoções humanas em meio ao caos provocado pelas guerras. No livro podemos ver imagens desde a Guerra Civil Espanhola até a Guerra do Vietnã, durante a qual Capa foi morto. O livro chama-se ROBERT CAPA/FOTOGRAFIAS e foi editado pela Cosac&Naify.

Quem gosta de ler e gosta de História (não é, Tamyres?) não pode deixar de mergulhar na história dos Tudors da Inglaterra,através dos livros da escritora inglesa Philippa Gregory. São quatro volumes, dedicados principalmente a Henrique VIII e Elizabeth I, monarcas que governaram o país no século XVI e começo do XVII. Os títulos dos livros são: “A Princesa Fiel” (sobre a primeira esposa de Henrique VIII, Catarina de Aragão); “A Irmã de Ana Bolena”, que serviu de roteiro para o filme “A Outra”, atualmente em cartaz; “ O amante da Virgem”(sobre Elizabeth I) e “A Herança de Ana Bolena”, sobre as últimas mulheres de Henrique VIII.(Ele teve seis, como vocês sabem). Alguns alunos me dizem que acompanham a série “Os Tudors”, no “People&Arts, às quintas feiras. Pois bem, os livros são BEEEEEM melhores. “Ah, mas agora eu não posso ler nada”!, diz a bonitinha, “só os livros para o vestibular”. Tudo bem , a mamãe vai lendo agora e voce nas férias. Os livros são editados pela Record. Até a próxima!

Comentando a prova

Os alunos das turmas de Humanas ( A e D) fizeram prova aberta antes do feriado. Gostaria de comentar os três erros mais freqüentes cometidos pelos meus queridos “humanos” nessa avaliação, sendo que alunos de qualquer área podem aproveitar também essas orientações.

1. “Humanos”, vocês não estão obedecendo os comandos! Se estiver escrito: COMENTE ou DISCORRA, não adianta só citar. Vale para o contrário também: pedi que CITASSEM uma medida do governo nazista que demonstrasse o racismo praticado por ele; não era preciso fazer um texto contando todas as barbaridades cometidas contra os judeus. “Ah, mas eu sabia e quis colocar”! vai dizer a bonitinha. E na hora do vestibular quem estiver corrigindo sua prova vai tirar seu ponto. Simples assim.

2. Na questão sobre a crise de 29, foram pedidas duas medidas tomadas pelo governo Roosevelt para contornar a crise. Medidas são providências concretas e não concepções econômicas. A postura do Estado como agente regulador da economia já estava implícita na adoção do New Deal, o que foi pedido é como isso foi traduzido em ações governamentais.

3. Na última questão foi extraído um pequeno trecho do “Mein Kampf”, de Adolf Hitler. Ali são exaltadas as virtudes da “ raça” ariana e sua superioridade sobre as demais. Em nenhum momento, nesse trecho, se fala dos judeus; daí, quando se pergunta qual a característica observada no texto, a resposta certa seria RACISMO e não anti-semitismo, embora saibamos que ele existiu.

Fiquem atentos. Beijos. Eliane