segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Política da Terra Arrasada

por Dimas Antônio de Souza


Quantos falam sobre a provável derrota eleitoral de Márcio Lacerda ou de Aécio/ Pimentel, como dizem? "Em quem vai votar no segundo turno?" - Ainda não sei, devo anular meu voto, respondem. E começam a falar mal de Márcio, Aécio e de Pimentel. De Márcio Lacerda então, chovem difamações.

Por outro lado, os candidatos Jô Morais e Sérgio Miranda demonstram ainda dúvidas a declararem seu apoio. Pergunto-me, será que algum deles, perante o seu eleitor, omitirá sua posição? Anulará seu voto? O voto nulo dos anarquistas é lícito, eles não disputam as eleições.
Mas, para quem disputou com outros projetos de poder no jogo democrático, o voto nulo apresenta-se como messianismo. Eu sou o caminho. Ou, como ditatorialismo: ou sou eu, ou mais ninguém.

Todo demagogo toca fundo com as suas palavras o coração das pessoas. Pressenti o problema quando, ao assistir o programa eleitoral gratuito, ouvi Leonardo Quintão dizer mais ou menos assim. Ô gente, tem obra por toda a cidade. Eu aplaudo, mas, cá pra nós, cê tá feliz?

Ora, prometer a felicidade é demais. Esta, nem ele nem ninguém pode nos dar. E o mal-estar na civilização? Será que vai acabar, se o mesmo vencer? O Leonardo Quintão, ou Leonardo, ou apenas, Léo, como queiram, irá satisfazer todos os nossos desejos? Perguntem para ele e possivelmente ouvirão: É simples, e dá pra fazer!

O toque demagógico principal foi neste momento, onde se prometeu a felicidade. O seguinte, contou com algo mais palpável. A aprovação, por parte da população ao projeto político que chegou ao poder na cidade, desde que Patrus Ananias elegeu-se prefeito. A verdade é que a partir daquele momento, com todas as falhas comuns a nós humanos, a cidade passou a ser pensada por uma coligação partidária que tinha como propósito a ampliação da cidadania em seus vários sentidos. Assim, do ponto de vista do eleitor, a grande maioria parece estar satisfeita com o governo Pimentel, até mesmo o candidato da oposição votaria no atual prefeito. Ou seja, ele não é oposição, vai dar continuidade a tudo, então, por que mudar?

Observe que Quintão não promete mudar nada e que sua campanha chegou ao ápice quando as pessoas passaram a acreditar que ele iria continuar com todas as obras. Ora, então o povo não quer mudar, o povo quer continuar. E por que votaram contra quem de fato vai continuar?

Digo de fato porque, na coligação partidária de Márcio estão os principais partidos que elaboraram o projeto que vem administrando a nossa cidade. Em outras palavras, grande parte das pessoas envolvidas em sua consecução, permanecerá. Uma possível vitória de Quintão colocaria muita coisa boa a perder, pois, ao trocarem as pessoas e as ideologias, perdem-se o sentido original, os motivos primordiais e os paradigmas que orientaram os projetos. Sabemos bem a diferença entre "cuidar de gente" e de "usar de gente" e como os recursos públicos podem, em nome da ideologia de "cuidar de gente", transformarem-se em meios de usar da gente.

Está tudo às mil maravilhas em Belo Horizonte ? Não. Nos últimos anos a truculência, em nome de razões de Estado ou em função de motivos pessoais, foi substituindo gradativamente o diálogo, a inspiração democrática da idéia original, muito bem apontado pela candidata Jô Morais. Tal truculência pode ser observada quando se verifica a forma pela qual a Prefeitura agiu com a Escola de Samba Cidade Jardim, quando, em nome de alegados interesses públicos, desalojou, à força, a escola que estava no local há mais de trinta anos. E, por objetivos pessoais, quando impôs a todo o partido uma aliança com o governador.

O erro do prefeito e de muitos dos seus secretários que, por vezes se enganam e acham que estão mandando na cidade, ficou visível. Quanto ao candidato Márcio Lacerda, parece que 'estão' pintando um retrato distorcido a seu respeito. Poucos o conhecem, mas muito se sabe desse espírito difamatório e denuncista que sempre ronda na política. Pergunta-se ao ministro Patrus: -por acaso Lacerda, ou o próprio Aécio, são piores que Newton Cardoso? Este último foi apoiado pelo PT como candidato ao senado nas últimas eleições.

A decisão das eleições em Belo Horizonte está nas mãos dos militantes do PT e do PC do B. Aos militantes do PT, é bom lembrar que em política, como na vida, às vezes é melhor perder os anéis que perder os dedos. Se o Márcio não é o candidato que os petistas queriam, com ele o projeto inaugurado pelo próprio PT, mesmo que um pouco mais desvirtuado, ainda tem chances de continuar. A própria presença do partido na coligação é a garantia.

Ao Sérgio Miranda, à Jô e aos militantes do PC do B, que também têm responsabilidades pelo projeto que governa a cidade, sugiro que se lembrem de que o governo é um cabo de guerra e que a tarefa coerente deverá ser puxá-lo à esquerda. Seria então o momento de, com críticas e força eleitoral, voltarem à coligação. Aos meus iguais, simples cidadãos, que reflitam se estão mesmo dispostos a trocar o que temos, pelo futuro incerto nas mãos de um aprendiz de populista, que além de prometer o irrealizável, se dá ao luxo de falar errado apenas para querer se parecer com o povo.

Ou debochar de nós.

Dimas Antônio de Souza é mestre em Ciência Política pela UFMG,
professor de Ciência Política da PUC-MG e autor do livro "O mito
Político no Teatro Anarquista Brasileiro".

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

ADOREI !


“O que é eu dou para o meu pai, de presente, no dia do aniversário dele?” Se ele gosta de fotografia e é interessado na Segunda Guerra Mundial, não tem presente melhor que o livro do fotógrafo americano Robert Capa. Esse fotógrafo MARAVILHOSO especializou-se em retratar os grandes conflitos do século XX, sendo especialmente cuidadoso em captar as emoções humanas em meio ao caos provocado pelas guerras. No livro podemos ver imagens desde a Guerra Civil Espanhola até a Guerra do Vietnã, durante a qual Capa foi morto. O livro chama-se ROBERT CAPA/FOTOGRAFIAS e foi editado pela Cosac&Naify.

Quem gosta de ler e gosta de História (não é, Tamyres?) não pode deixar de mergulhar na história dos Tudors da Inglaterra,através dos livros da escritora inglesa Philippa Gregory. São quatro volumes, dedicados principalmente a Henrique VIII e Elizabeth I, monarcas que governaram o país no século XVI e começo do XVII. Os títulos dos livros são: “A Princesa Fiel” (sobre a primeira esposa de Henrique VIII, Catarina de Aragão); “A Irmã de Ana Bolena”, que serviu de roteiro para o filme “A Outra”, atualmente em cartaz; “ O amante da Virgem”(sobre Elizabeth I) e “A Herança de Ana Bolena”, sobre as últimas mulheres de Henrique VIII.(Ele teve seis, como vocês sabem). Alguns alunos me dizem que acompanham a série “Os Tudors”, no “People&Arts, às quintas feiras. Pois bem, os livros são BEEEEEM melhores. “Ah, mas agora eu não posso ler nada”!, diz a bonitinha, “só os livros para o vestibular”. Tudo bem , a mamãe vai lendo agora e voce nas férias. Os livros são editados pela Record. Até a próxima!

Comentando a prova

Os alunos das turmas de Humanas ( A e D) fizeram prova aberta antes do feriado. Gostaria de comentar os três erros mais freqüentes cometidos pelos meus queridos “humanos” nessa avaliação, sendo que alunos de qualquer área podem aproveitar também essas orientações.

1. “Humanos”, vocês não estão obedecendo os comandos! Se estiver escrito: COMENTE ou DISCORRA, não adianta só citar. Vale para o contrário também: pedi que CITASSEM uma medida do governo nazista que demonstrasse o racismo praticado por ele; não era preciso fazer um texto contando todas as barbaridades cometidas contra os judeus. “Ah, mas eu sabia e quis colocar”! vai dizer a bonitinha. E na hora do vestibular quem estiver corrigindo sua prova vai tirar seu ponto. Simples assim.

2. Na questão sobre a crise de 29, foram pedidas duas medidas tomadas pelo governo Roosevelt para contornar a crise. Medidas são providências concretas e não concepções econômicas. A postura do Estado como agente regulador da economia já estava implícita na adoção do New Deal, o que foi pedido é como isso foi traduzido em ações governamentais.

3. Na última questão foi extraído um pequeno trecho do “Mein Kampf”, de Adolf Hitler. Ali são exaltadas as virtudes da “ raça” ariana e sua superioridade sobre as demais. Em nenhum momento, nesse trecho, se fala dos judeus; daí, quando se pergunta qual a característica observada no texto, a resposta certa seria RACISMO e não anti-semitismo, embora saibamos que ele existiu.

Fiquem atentos. Beijos. Eliane

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Em quem a Professora vai votar?

Muitos dos meus alunos e ex-alunos têm me perguntado: Professora, em quem você vai votar? Fico comovida ao pensar que, para muitas pessoas com quem me relacionei durante minha vida profissional, de alguma maneira, essa resposta ainda seja importante. Todos sabem que nunca ocupei cargos públicos, (a não ser na diretoria do Sindicato dos Professores), não sendo filiada a nenhum partido político; mas é impossível para mim, observar despreocupadamente este segundo turno das eleições municipais de Belo Horizonte. É claro que os arranjos feitos para o primeiro turno não foram aqueles que gostaríamos de ter, e que as propostas apresentadas por um candidato poderiam tranquilamente ser encampadas por qualquer outro. Neste segundo turno, entretanto, as coisas, pelo menos para mim, estão mais definidas: vocês são muito jovens para se lembrarem do tempo em que os salários dos funcionários municipais atrasavam, que obras de vulto não existiam na cidade e que figuras soturnas rondavam os cofres da Prefeitura. Honra seja feita ao PT, nos governos de Patrus, Célio de Castro e Pimentel, a palavra “corrupção” deixou de fazer parte das conversas sobre administração municipal em nossa cidade. A perspectiva de retornarmos a uma situação superada há dezesseis anos me apavora. Como a maioria do eleitorado de Belo Horizonte, eu conhecia muito pouco da figura de Márcio Lacerda: há alguns anos, em uma festa, ouvi curiosa, a história de um empresário “maluco”, (segundo o narrador do episódio), que havia dividido metade do dinheiro obtido com a venda de uma empresa, entre seus empregados. Em 2004/2005, meu filho que cursava uma pós-graduação na fundação Dom Cabral, contava das discussões de uma colega sua, “patricinha” na aparência, com os colegas, discussões nas quais a garota se mostrava sensível e bem informada em relação às questões sociais, apesar de chegar à escola a bordo de um Audi. “Essa menina tem ‘berço’, dizia ele.”Ela não olha só para o próprio umbigo”. O empresário “maluco” e o pai da garota politizada é o Márcio Lacerda. Só recentemente vim a saber.

Mas isso não é razão para se votar em uma pessoa. Muito bem. Quais seriam então as razões de escolha nesta eleição? A postura ideológica? Conversei com muita gente em quem confio e me afirmaram que as convicções políticas do Márcio têm raízes profundas, plantadas lá nos anos 60 e 70, e que, na sua trajetória de empresário, não houve contradição ou negação desse passado. As alianças políticas? Muito bem: no dia da eleição para o primeiro turno, ao serem publicados os resultados eleitorais, fiquei observando os dois candidatos que se aproximavam dos jornalistas para serem entrevistados: Márcio, ladeado por Pimentel e Aécio, o outro candidato...bem...prefiro não comentar.Não é por acaso que Pimentel é considerado o melhor prefeito do Brasil e um dos melhores do mundo: ele começou trabalhando no setor financeiro da Prefeitura, com Patrus e Célio e sabe que sem controle e sem ética, o dinheiro público vai embora, e sem dinheiro, as obras não são feitas, os salários não são pagos em dia , as políticas sociais não se concretizam. “Isso é um arranjo do Aécio!” dizem muitos “Ele quer ser presidente da República”! E se for realmente um arranjo, qual o problema? As urnas estarão prontas, em 2010, para confirmar ou não o desejo dele. Até lá, muita água vai rolar debaixo da ponte e enquanto isso, eu não gostaria de ver a nossa prefeitura retrocedendo a situações superadas há dezesseis anos. Também não me contem (não tenho mais idade para emoções fortes) se souberem que parte do eleitorado belo-horizontino votou pelas mesmas razões que muitos votaram em Collor (“tão jovem e tão lindo!”) ou em Jânio (“parece tanto com a gente...”). Prefeitura é coisa séria, talvez seja a esfera de poder que mais nos afeta de forma direta. Infelizmente, não dá para brincar. Voto Márcio.